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Madrugada marcante.

Era uma madrugada estranha de 12 de Janeiro de 2011, chovia muito como na maioria das noites de verão, eu dormia e acordava diversas vezes preocupada, de repente recebo uma ligação da minha irmã dizendo que a casa de uma vizinha tinha desabado e perguntou se estava tudo bem, respondi que sim só chovendo bem forte. Fiquei preocupada com essa vizinha e o marido, pois eram idosos e eu os conhecia desde criança; ela disse que estava tudo bem com eles, com os outros vizinhos e com nossa família também, daí desliguei o telefone e voltei a dormir, quer dizer dormir não foi bem o que consegui, cochilei com medo de receber outro telefonema. Naquela época estava de férias de um trabalho e acordava mais tarde, era mais ou menos 11 horas da manhã e não tinha ligado a TV ainda quando minha mãe e irmã apareceram na minha casa dizendo que tinham acontecido vários deslizamentos, liguei a TV e aí pude ter a noção do que estava acontecendo não só na minha cidade, mas em cidades vizinhas também.
Fiquei estarrecida, nunca tinha visto tamanha tragédia, da noite para o dia milhares de mortos (até hoje não se sabe o número exato) milhares de desabrigados e vários bairros destruídos, a cidade foi invadida por veículos de comunicação, a avalanche de lama havia carregado tudo sem distinguir áreas rurais e urbanas, ricos e pobres, crianças e adultos, idosos e animais. O caos e o desespero tomaram conta de todos. Vergonhosamente tiveram aqueles que tentaram levar vantagem aumentando os preços dos alimentos e da água cobrando valores exorbitantes, mas também felizmente uma onda de solidariedade surgiu e mesmo quem pouco tinha fez questão de ajudar, socorro esse vindo de toda a parte. O ginásio virou abrigo, instituições organizaram mutirões, muitos de alguma forma estenderam a mão para alguém necessitado.
Como qualquer data de uma tragédia, esta ficou marcada em nossa memória, podemos nos lembrar o que fizemos durante aquele dia que antecedeu a madrugada chuvosa, todos temos uma história para contar. As chuvas sempre foram motivo de preocupação, mas a partir daquele dia 12 de Janeiro ao menor sinal de chuva forte o medo ressurge. Muitas pessoas traumatizadas, muitos perderam familiares ou conhecidos, em 2021 completaram 10 anos dessa que ficou conhecida como a maior tragédia climática do país, pouca coisa mudou de lá para cá, algumas medidas preventivas foram instaladas, mas nada que pudesse nos salvar de outro caos. A cidade ainda guarda as marcas daquela madrugada e sem dúvida esse dia ficou marcado para sempre na história de Teresópolis.

Shirlei Pinheiro


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Dia 1 de janeiro como de costume é o dia da reflexão, querendo ou não você acaba parando pra pensar sobre o ano que passou e no ano que está começando. Surge uma lista de coisas que gostaria de fazer, um curso novo, aprender uma nova língua, quem sabe me matricular em uma academia? Acho que ser fitness vai ficar pro próximo ano, enfim analisando bem essa lista me parece bastante familiar. Entra ano e sai ano a lista é praticamente a mesma, tirando alguns itens e acrescentando outros, dificilmente começarei um curso ou aprenderei um novo idioma, talvez partir para algum trabalho voluntário ou escrever um livro, começar uma dieta de dois dias (rsrs ). A única coisa que sei é que se inicia mais um ano cheio de possibilidades então faço como o Zeca Pagodinho e deixo a vida me levar, pelo menos até a próxima lista. Shirlei Pinheiro                                                                                                                                                  
 

ALMA ANTIGA

  Desde que eu era criança sempre ouvia os outros dizerem que eu tinha uma "alma de velho", por mais esquisito que isso soasse lá no fundo eu concordava, pois era assim que me sentia. Programas de jovens nunca me interessaram, até hoje não me ligo em modismos, sejam eles de vestimenta ou tendência, nunca fui muito vaidosa na verdade acho cansativo, por mais roqueira que eu seja não me imagino indo em shows com barulho e aglomeração. Sempre tive amigas da mesma faixa etária, mas bom mesmo é conversar com pessoas mais velhas até mesmo idosas, com assuntos e experiências que me interessam mais. Histórias de Teresópolis de cinquenta ou sessenta anos atrás me fascinam principalmente quando quem conta viveu essa época, amo épocas que nem sequer vivi. O quê dizer das músicas? Anos 80 pra mim são as melhores e tempo algum vai superar,  músicas clássicas, óperas... como não se arrepiar ouvindo Carmina Burana O Fortuna de Carl Orff ? Obrigada Deus por isso! Troco fácil uma festa da tur