Recentemente estava conversando com um amigo sobre timidez e comecei a lembrar de como isso afetou minha vida. A timidez me acompanha desde a infância e tenho vasto conhecimento de causa sobre o assunto e uma coisa que sempre me deixou desconfortável é falar em público, acredito que isso incomode quase a totalidade dos introvertidos (só de pensar nisso já começo a sentir os sintomas), lembro que quando era adolescente e essa sem dúvida é a pior época na vida dos tímidos, de ser a primeira a entrar na sala de aula para assim evitar que ao entrar os que estivessem lá ficassem olhando para mim. Quantas vezes ao chegar em um ambiente cheio de gente já imaginei todos os olhos em minha direção, claro que a maioria nem estava olhando, mas vai explicar isso para um tímido.
Quando criança lembro que corria para o meu quarto sempre que chegava visita e só saia quando ela ia embora, tamanho era o nível de vergonha, minha irmã sempre me chamou de antissocial, mas nunca liguei, li uma vez em um artigo que existem três tipos de timidez: situacional, crônica e proposital, nomenclaturas é o que não faltam para definir. Tímidos introvertidos, tímidos extrovertidos, só tímido, só introvertido e por aí vai, acho que me encaixo na situacional que são situações específicas, pois interajo bem com quem conheço.
Geralmente é fácil identificar uma pessoa tímida e acho até engraçado quando vejo alguns artistas que dizem ser, mas cada um sabe onde o calo aperta afinal acho que todo mundo em algum momento da vida já sentiu as mãos suarem por mais despachados que sejam.
Suor excessivo, taquicardia, coração acelerado…sintomas bem conhecidos e recorrentes na nossa vida. Timidez não é medo, não é transtorno mental nem fobia, mas inibição em certos momentos.
Com o passar do tempo vamos evitando algumas situações para facilitar nossa vida, evito aglomerações — isso a pandemia até facilitou — evito entrar sozinha em lugares onde não conheço as pessoas, nem sempre consigo, mas nem tudo são flores. Várias vezes me peguei na Internet pesquisando sobre fórmulas e truques milagrosos para perder a timidez.
Mas também nem tudo é ruim, aprendi a tirar benefícios da parte boa, trabalhar minha observação, aproveitar meu ,tempo sozinha, fora que dizem que é charmoso, também nos blinda de situações desagradáveis e constrangedoras como falar o que não deve ou na hora errada, cair na pilha do tio do pavê e fazer alguma dancinha ridícula na ceia de Natal, enfim tudo na vida tem seu lado bom e estou aprendendo a perceber isso.
Trabalhar com o público me ajudou muito, com o tempo fui ganhando confiança, desencanando e vamos combinar que ninguém precisa saber da minha inibição até por que não está escrito no meu rosto a não ser quando fico vermelha. 😉
Shirlei Pinheiro
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